É um mix de sentimentos escrever isso aqui. Não por escrever. Escrever pra mim é fácil. Porque é algo que eu amo. Sempre amei. Mas sim, pelo compromisso.
Porque, há alguns dias, eu simplesmente tive um surto criativo no meio de uma sexta-feira à noite e decidi criar esse espaço. Como se tivesse sido algo super planejado (não foi). Como se eu soubesse muito bem o que eu tô fazendo (não sei). Mas, criei.
E, depois, eu simplesmente decidi postar no meus stories que teria um texto novo pra você ler toda quarta-feira. Como se eu já estivesse com toda a minha agenda preparada (não tava). Como se eu tivesse pensado exatamente sobre o que eu queria falar (não pensei). Mas, postei.
E é isso que fez eu sentar minha bunda aqui pra escrever hoje. 17h. Fim de expediente. Depois de já ter escrito cerca de uns 10 textos pra outras pessoas no trabalho. 20 minutos do meu dia pra escrever um texto meu. Pra mim. E pra quem gosta do que eu escrevo e posso assinar com o meu próprio nome.
Que loucura, né?
Perceber que a gente tem que assumir um compromisso pra fazer o que a gente tanto ama e o que a gente tanto quer.
Porque hoje em dia, amar não basta. Querer não basta. A gente precisa colocar na agenda.
Eu recebi uma notificação me lembrando que eu tinha que escrever. Porque a verdade é essa: a gente tá tão ocupado com tanta coisa que a gente não queria, na esperança de um dia alcançar a liberdade de poder fazer o que a gente realmente quer. Que se a gente não separa pelo menos 10 minutos do nosso dia pra lembrar do que a gente ama, a gente esquece. Amortece. Silencia. Vira um eterno botão de “lembre-me de novo depois".
Esses dias até bateu uma nostalgia de me ler. Abri textos antigos meus e comecei a consumir como se fossem de outra pessoa. Porque, de certa forma, eram. De um eu tão diferente. Tão mais desocupado. Tão mais livre pra dizer o que queria. Justamente quando nem sabia.
Não é engraçado?
Que quando a gente é novo a gente tenha tanta convicção e tanto tempo e tanta liberdade pra fazer o que quer, mas não sabe. E depois, a gente fica mais velho, mais maduro, mais seguro de si, se conhece melhor, e até suspeita que descobriu o que finalmente deseja. Mas não tem mais tanta convicção, nem tempo, nem liberdade pra ser o que descobriu.
A gente quase sempre é o que precisa ser. Não o que quer. O que a gente quer ser a gente tem que colocar na agenda. Se não, vira um eterno “futuro hipotético”, um eterno “se der tempo” que nunca dá. Porque aprendi que o tempo não sobra, não aparece, a gente é que tem que criar.
Então, vê se lembra de criar um pouco pra você. Lembra de separar uma porção dele pra fazer o que você ama. Pra sonhar. Pra tirar ponta dupla do cabelo. Pra lembrar de quem você quer ser, por detrás de tudo que você precisa. Ou até, pra concluir o que você não quer mais.
Se ajudar, coloca no papel. Você vai se surpreender com o que pode sair pela ponta dos dedos que você nem imaginava que tava aí dentro. Eu, sempre me surpreendo.
Por isso, acho que vai ser bom pra mim. Esse lugar. Talvez, até mais do que pra você. Mas, espero que pra você também.
Isso aqui, pra mim, é um romper com a Síndrome de Marisa Monte, de contar só pras paredes as coisas do meu coração, e contar pra quem tá aí, do outro lado. Sem filtro, coesão ou coerência. Sem pontuação, boa articulação, nem muita decência. Porque acho que sentimento é assim mesmo, e nem precisa ser de outro jeito.
É coisa que não se lê com base na boa gramática, lógica ou construção. Só se lê com o coração. Como dizia minha velha amiga Thais Cinotti: “Eu não escrevo pra quem lê, eu escrevo pra quem sente.”
E esse é meu novo compromisso. De um amor tão antigo. Com você, e comigo.
Uma vitória sobre a mania de deixar pra depois o que a alma tem pra dizer. Ainda que não faça sentido, mas sempre, desde que faça sentir.
Com amor e um compromisso firmado,
Ghi Castro.